quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Cheiro de Café Torrado


Já escrevi um post sobre nostalgia. Bom, então quem o leu sabe que tenho adoração pelos meus tempos vividos. Mas agora, escrevo para falar do olfato do passado. É impressionante o poder que olfato tem de penetrar na nossa memória e nos levar para outros lugares, outros convívios, outros momentos de nossas vidas. Mesmo que seja por alguns instantes. Um que, particularmente, me lembro com especial carinho: o cheiro de café torrado feito no fogão à lenha na fazenda dos meus avós.

Era um cheiro irresistível.  Amargo-doce que nos convidava para a hora do lanche das 17h. Era quando chegavam os peões, nós, as crianças, os donos da casa, os hóspedes e quem mais não resistisse ao cheiro daquele café feito na hora e servido com pão-de-queijo fresquinho também.

Mas pulei uma parte bonitinha da história: queria entender na altura dos meus 8 anos como aqueles grãos se transformavam naquele café apreciado por tanta gente. Então para acompanhar as etapas deste processo alguém me colocava sentada na beirinha do fogão à lenha e ali eu observava com os olhos bem atentos e perninhas balançando. A nobre incumbência de torrar os grãos era alternada ora pela minha avó, ora pelo meu saudoso avô, variando assim conforme a disponibilidade de cada um.

Depois de torrado, era necessário esperar esfriar e depois moer. Então, finalmente a mágica: os grãos que viravam pó que virava café. Eu achava tudo aquilo o máximo e até me ofereci para participar. Foi quando me intitularam "Moedora de Café". Pronto, era o que bastava para me sentir imprescindível. Sem a minha ajuda não teria o café tão esperado por tantos.

Tudo isso somado a um pôr-do-sol incrivelmente belo que dava para contemplar no horizonte enquanto o café era preparado. Tons de laranja, amarelo e vermelho resultavam em uma paisagem que nunca mais deixou minha lembrança.

Bom, mas estava falando mesmo era do olfato. E é do cheiro do café torrado que tenho saudades...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Os Quatro e no finalzinho os Seis



Andar...andar...andar, quase não parar e observar. Sorrir, abraçar e me sentir a pessoa mais feliz do mundo por passar momentos tão especiais com pessoas tão amadas. Foi assim, desse jeito assim, simples assim. Viajei, recentemente, para SF, LV e NY, com as melhores companhias de todos os tempos: meus irmãos queridos, meu marido perfeito e de quebra, no finalzinho da trip, uma surpresinha pra lá de boa: meus pais.

Conhecer as peculiaridades de cada canto é algo que me encanta. Saber que o mundo é tão, tão grande com tanta coisa para conhecer é algo que me fascina e às vezes me assusta. Nada substitui a viagem de corpo presente. Sentir com sua própria alma cheiros e sabores. Ver de perto cada paisagem, cada rua, cada monumento. Sentar para uns petiscos e aproveitar para tomar um vinho, um chop e porque não uma coca-cola. Apreciar o pôr-do-sol de uma das vistas mais lindas que já vi.  Jogar conversa fora. Não ser escravo do tempo. Esquecer por alguns dias a vida rotineira e literalmente viajar... VIVENCIAR. Como foi bom! 

Obs: a primeira foto foi tirada na casa, em São Francisco, dos nossos amigos queridos Ricardo e Giovana que nos receberam muitíssimo bem. A segunda imagem, como não poderia faltar, foi registrada no Central Park.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Bocas Displicentes


Todo mundo fala. Uns se comunicam por meio de sons; outros através de gestos. Uns falam pouco; outros falam demais. Uns falam apenas o essencial; outros falam além da conta. Uns preferem guardar as palavras para a ocasião certa; outros como reza o provérbio, dão bom dia a cavalo.

Tem gente que desperdiça horas comentando sobre a vida alheia. Comentários maldosos, ordinários. Suposições vazias e uma ironia irritante. Palpites descabidos.  Quantas especulações, quantas perguntas, quantas sugestões, quantas analises, quantas criticas, quantas reprovações, quantos conceitos...Você vai comer isso?; Será que seu filho não precisa de um psicólogo? ; Você tem que emagrecer; Academia apenas um dia na semana é melhor não fazer!  Coitado, até hoje não conseguiu passar num concurso público! Reparou no jeito que ele me olha. Tenho certeza que não é fiel à esposa. UFA!! RESPIRA!!

E quando resolvem entrar na nossa intimidade. E quando resolvem falar da própria intimidade. E se você não estiver disposto a ouvir. Você nem conhece a pessoa direito, trocou meia dúzia de palavras superficiais. Mas para alguns já é o suficiente para palpitar sobre sua imagem, suas condutas, suas carências, seus investimentos, suas escolhas, suas opções.  

Carecemos - obviamente que me incluo - de economizar nas palavras. De refletirmos se devemos ou não nos pronunciar. Na maior parte das vezes nossas bocas insistem em emitir besteiras totalmente dispensáveis de serem ditas e ouvidas.

 

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O Velho


No meu trajeto para o trabalho, dentro do conforto do meu carro, vejo uma infinidade de paradas de ônibus. Tantas pessoas, tantos semblantes, tantas expressões, tanta diversidade. Mas, especialmente, uma, me chama a atenção. Perto, bem pertinho da minha casa tem um ponto de ônibus e um senhor com os seus sessenta e poucos anos. Traja roupa sempre limpinha, cabelos cortados, barba tão grande que chega a alcançar a altura dos ombros, os sapatos tão lustrados que é bem possível enxergar seu próprio reflexo. Às vezes também o vejo com sandálias franciscanas.

Meu marido me pergunta como é possível ver tanta coisa sendo que o carro está sempre a uns 60km/h. Respondo que a cada dia meus olhos captam um detalhe. Sim, ele está todo o santo dia lá. Sei que não é à espera de nenhum ônibus que o leve a algum destino porque aos sábados passo por esse caminho pelo menos umas três vezes e esse ilustre senhor sempre está lá. Suas únicas companhias são um par de óculos, uma sacola de pano velha, jornais e alguns livros. 

Teve um dia que eu estava no banco do passageiro. Tive a oportunidade de olhar fixamente para o velho. Queria que de alguma forma ele percebesse que eu percebia ele. Acho que consegui. O velho viu que eu estava a observá-lo. Fitou o olhar dele até o meu carro “desaparecer”. Fiquei feliz!

 Um dia, crio coragem pego meu bloquinho e uma caneta para um bom papo com esse senhor que, com certeza, tem muita história para contar.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Nostalgia Que Te Quero


Vez ou outra paro no tempo e flagro os meus pensamentos indo longe...muito longe. Lembranças do meu tempo de criança de quando eu brincava de queimada, bete, pique-esconde, banco imobiliário e de boneca.

Saudades de quando minha mãe nos levava a pé para a escola e no caminho um pit stop para um caldo de cana. Na volta, a pipoca do seu Antônio era quase garantida. Saudades de quando o meu pai chegava do trabalho e nos procurava debaixo da cama, atrás da porta, dentro do armário. Saudades das férias na fazenda dos meus avós maternos quando buscávamos o gado no pasto e à noite reuníamos no alpendre para escutar as histórias inusitadas do meu estimado avô. Saudades dos finais de semana que eu e meus “queriduchos” irmãos passávamos na casa dos meus avós paternos onde tudo era permitido, onde tínhamos o melhor café-da-manhã da paróquia. Com direito a ovos mexidos, pão com presunto e queijo, e acreditem se quiser COCA-COLA.

Saudades das férias com meus pais no litoral. Saudades de quando reuníamos a família inteira (primos, tios, avós...) para um churrasco, um aniversário, umas férias. Hoje todos cresceram, a ingenuidade ficou quase imperceptível, os encontros ficaram mais escassos, os assuntos diminuíram, e todos (primos, tios e avós) estão cada vez mais distantes. Não sei, mas quero crer que seja natural.

Não me atenho apenas às lembranças interpessoais. Gosto que minha mente me faça recordar dos Trapalhões, da Turma do Balão Mágico, do pirulito Zorro, das balinhas soft, do clássico conga, da Pakalolo, das sandálias Kenner, das mochilas Company, do antigo e bom Sítio do Pica-Pau-Amarelo, do eterno Chaves, do TV Pirata, do parque Nicolândia, do parque Ana Lídia, da confeitaria Vovovita (me lembro com perfeição do cheiro doce que tomava conta do ambiente), do Atari, do Mega Drive, das propagandas com jingles do Guaraná Antártica, Parmalat e Cremogema.

Muita gente define a nostalgia como uma tristeza profunda causada por saudades. Tristeza por concretizar que certas etapas da vida estão encerradas, e que nada pode trazê-las de volta. Eu discordo totalmente. Para mim, é uma alegria lembrar de momentos tão intensos, tão marcantes, tão engraçados, tão lúdicos e que foram muito importantes para o meu crescimento pessoal.

Ser nostálgica me faz um bem ENORME!

terça-feira, 14 de julho de 2009

Semana que Vem


Tudo é muito rápido. Tudo passa muito depressa.

Mal você acorda e já é hora de dormir. Os dias estão ficando cada vez mais apertados.

Pelo menos é essa a desculpa que tenho tentando embutir na minha cabeça quando chego em casa e decido pelos enlatados. Esta minha opção me deixa com o maior peso na consciência. Sempre prometo a mim mesma que na próxima semana eu começo uma alimentação mais decente. É como regime, toda segunda-feira é tempo de iniciar uma reeducação alimentar.

Quando eu morava na casa dos meus pais sempre tinha uma refeição preparada com o maior esmero pela mamãe. Comida caseira. Suco natural. Salada fresquinha. Legumes a vapor. Tudo feito na hora. Aí que delícia! Era só chegar, tomar um banho e me sentar a mesa.   

Depois que me casei, eu e meu marido decidimos pela faxineira, uma vez por semana, pelo menos até o filhote chegar. Os demais dias a famosa, pouca saborosa e pouco saudável comida fast food é a opção do casal.

Tudo isso porque se eu decidir preparar aquele jantarzinho eu não vou para a cama antes das 22h. Olha só: saio do trabalho às 18h, depois curso, atividade física, banho, cremes, preparação do jantar (que exige uma hora, pelo menos), dar uma geral na cozinha (pelo menos mais uma hora), estudar um pouquinho, ler um livro ou uma revista, checar os últimos e-mails e olho para o relógio já são quase 1h da manhã. 

Vejam só, se decido pelo fast food posso ir para o aconchego da minha cama às 11h. Mas e a minha saúde como fica com tanto conservante, tanto condimento? Tudo bem, semana que vem revejo a minha alimentação. Eu juro!

 

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Eu Quero a Essência


Certa vez li um texto que me fez refletir além da conta. Li, reli, arquivei (infelizmente o perdi), mas o importante mesmo é que ele está arquivado na minha memória. O autor falava sobre a falta de paciência em lidar com a mesquinhez humana. Me identifiquei total. Não que eu seja perfeita, ao contrário sou cheia de defeitos mas sempre me policiando, me observando, atenta aos meus movimentos.

A inveja está na casa das emoções, aliás, aprendi que é nesta casa que moram os problemas: rancor, ódio, mágoa, tristeza, alegria...tudo isso muito intenso. Tento a cada instante encontrar um ponto de equilíbrio. Mas como não sou de ferro, dia desses a minha emoção ecoou: estou farta de invejosos que cobiçam a qualquer preço a vida de quem admiram. Querem o cargo, a casa, o marido, a mulher, o filho, o emprego e outras cositas más.

E a ambição? nunca chega ao limite. Querem o topo, almejam status, galgam posições, desejam o carro do ano, a casa milionária, as roupas das modelos que posam para a Revista Vogue...nada disso tem fim. 

Participo de algumas tediosas reuniões e outras nem tanto. O que mais me inquieta é flagrar egos nada modestos.  São discursos vazios com propostas de abalar o milênio. Que falta de paciência!!

Como dizia Mário de Andrade: “as pessoas não debatem conteúdos, apenas rótulos”. Onde está a essência dos seres?

Quero dividir meu precioso tempo com gente de verdade, de sentimentos nobres, de alma leve, de sorriso franco, de amor incondicional, de olhar sincero. Gente sem deslumbres e falcatruas.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Olha que coisa mais linda...mais cheia de graça...


Poucas imagens são tão poéticas e inspiradoras como o pôr-do-sol. Esta fotografia foi tirada da janela do meu trabalho. Sim, sou privilegiada!  Não é necessário escrever mais nada. É mais um espetáculo da natureza que nos presenteia a cada dia. 

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Com que Roupa eu Vou


Quase todos os dias o ritual se repete. Acordo, de olhos ainda meio fechados, lavo o rosto, escovo os dentes e volto para o quarto onde fico sentada na cama, de frente para o armário, pelo menos, uns 4 minutos, para escolher a roupa com a qual vou trabalhar.

Tudo isso porque o visual para mim é no mínimo interessante. Vai muito além de escolher uma roupa. Na verdade é o resultado do meu estado de espírito, de humor, de um monte de escolhas pessoais e de algumas combinações completamente minhas.  

Não sou fissurada em moda tampouco passo horas em livrarias consultando as tendências do mundo fashion. Gosto de me sentir bem com a roupa que escolhi. Como já disse anteriormente faço minhas ‘composições’, nem sempre agradáveis aos olhos dos outros. Mas, o que me importa? Sou fã do toque pessoal que cada um dá ao seu visual. 

Acho que a roupa, se não diz tudo, diz quase tudo sobre a pessoa. Não pertenço a nenhuma tribo (descoladas, desleixadas, intelectuais, patricinhas...). Permito-me ‘estar’ vestida da forma como eu quiser e do jeito que algumas ocasiões impuserem. É isso!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

O Encanto do Inverno


Definitivamente a beleza do inverno de Brasília é incomparável.Todas as estações têm sua graça, sua energia, seu encanto. Mas, particularmente, não há felicidade maior ao acordar e me deparar com o céu azul, límpido e aquele friozinho que faz você tirar do armário aquelas roupas que há muitos meses não usava. 

A minha relação com esta estação do ano chega a ser cômica. Já no finalzinho do mês de abril começo a vibrar com a chegada do inverno. À pedido, meu marido instalou o serviço de meteorologia no Iphone e daí já viu, antes de iniciar a semana faço minha consulta e dependendo do resultado da busca fico de cara emburrada e começo a resmungar: mas já não é mais tempo de chuva, de céu nublado. Cadê o sol que não aparece? Pergunto eu ao meu paciente marido que responde com cara de quem acha tudo muito engraçado e até meio infantil: meu amor, calma. A sua estação preferida está bem aí. 

Pronto quase no finalzinho do mês de maio, quando já estava quase sem esperança (que dramática!) aconteceu o que há dias esperava ansiosamente. Minha cama é de frente para a janela. A janela sempre, com exceção de dias chuvosos, escancarada para eu adormecer contemplando o céu. Fiquei eufórica quando, finalmente, as estrelas, o luar e o frio deram o ar da graça. Ai, nosso Deus, que felicidade!!