quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Casa alheia


Desde muito pequena sempre tive curiosidade pela casa alheia. Gostava de observar minuciosamente cada detalhe. Lembro que minha mãe me olhava torto quando eu começava a perambular, calmamente, pelo lar doce lar das pessoas. Bom pelo jeito não adiantou. O design, as cores, os móveis, os objetos de decoração, nada passava despercebido. Isso porque as habitações nada mais são do que o reflexo do nosso modo de viver, da nossa personalidade, energia e alma. Para mim, a casa é um ser vivo, composto de anatomia e fisiologia particulares, o que me chama muito a atenção.

Dia desses assistindo a um programa, tomei coragem de escrever sobre esse meu fascínio pelas construções habitadas. A entrevistada me fez recordar um fato da infância ao dizer que quando criança apertava todos os botões do elevador para ver se tinha a sorte de encontrar a porta aberta de algum morador. Fiquei chocada e ao mesmo tempo aliviada. Uau! Eu não sou a única! E é assim, essa curiosidade me persegue nas minhas viagens, nas minhas andanças, nos meus trajetos de carro quando alguns apartamentos são virados para os eixinhos Sul e Norte, sendo possível eu olhar rapidamente a composição.

E não é preciso ter grana para deixar a casa fluida, confortável e agradável aos olhos, basta bom senso, um tiquito de ousadia e amor, muito amor. É infalível. 

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Eu não queria, mas por enquanto dependo...



Eu tenho a necessidade da aprovação dos outros. Tudo o que faço espero um sinal de que está tudo lindo, tudo up, tudo azul. Sim, sei que é uma fraqueza, mas fazer o quê meu bem? Não há meio de ser diferente, ainda. Quando percebo lá estou eu feliz ou triste dependendo da oscilação de humor, da simpatia e da sensibilidade do outro.

Não espero falsidade tampouco demagogia, mas há maneiras e maneiras de dizer a verdade ao outro sem ofender, sem tornar duras demais as críticas. Disso tenho a certeza.

E quando você vai todo faceiro mostrar a uma pessoa que considera muito querida algo que pensou, planejou e concretizou com tanto carinho e esse mesmo ser não diz uma palavra. Apenas um tímido e pouco sonoro uhum! O que é isso minha gente, me dá uma tristeza danada.

Deveria não ligar para a opinião de ninguém. Se o que escolhi e decidi me satisfaz então all right. Basta!! Um dia quem sabe, eu cresço e evoluo...e me torno a pessoa mais feliz do mundo independente da aprovação dos outros. Acho que está faltando pouco para eu chegar lá.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Quatro anos!!!


Dia especial! Daí é quando a gente olha para o lado e vê aquela pessoa que você escolheu a dedo para ser seu parceiro, seu amigo, seu porto-seguro. É quando a gente pára tudo e percebe o quanto é importante para o outro independente das oscilações de humor.  É quando a gente respira fundo com alívio singular de quem tirou a sorte grande. 

Ele sempre tem um elogio a fazer, um conselho a dar, um abraço para acolher e me fazer a pessoa mais segura do mundo.  Quando nos conhecemos, eu senti que era ele a tal pessoa que a gente desde muito cedo idealiza e até chega a pensar que não existe. No meu caso, fui presenteada. E como sou. Eu já até pensei: “será que eu mereço?”. Deixa de bobagens, mereço sim. Se não fosse eu, seria outra. Então, melhor que seja a minha pessoinha. Presente a gente não questiona, simplesmente agradece. Obrigada!!

São QUATRO ANOS de convivência feliz. De amadurecimento que eu não troco por  nada nesse mundo. Nem mesmo pelo início de namoro. Enquanto estava escrevendo este post, fui convidada a assistir um documentário no qual um personagem fez uma alusão à frase de Oscar Wilde: “As mulheres existem para que as amemos, e não para que as compreendamos”. E essa referência soou muito doce aos meus ouvidos.  É assim, desse jeitinho que o meu marido me surpreende, a cada dia.

Mais uma vez obrigada por me fazer a mulher mais feliz do mundo. Vidinha, I love you so much!!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

É beleza que traz felicidade ou felicidade que leva à beleza?


Vivemos na sociedade dos sarados, da estética. Quanto mais bunda, peitos e pernas melhor. O que comanda hoje é a quantidade de massa muscular que você consegue a duras penas armazenar no seu corpitcho. É o cultivo exacerbado do corpo em detrimento do exercício da mente. Afinal, pra quê exercitar o cérebro se a indústria estética e cultural impõe padrões de beleza que devemos seguir a risca para sermos felizes?

Além da quantidade de músculos, devemos ter também dentes claros, quase transparentes, e alinhados, cabelos lisos e sem pontas duplas, pele macia, as maçãs do rosto sobressalentes, os lábios carnudos, o nariz arrebitado, os cílios grandes e curvos, os pés delicados e a sombrancelha bem desenhada. Se você não tiver todos esses atributos juntos, esqueça que não será aceito. 

É a mídia nos incitando a correr atrás de um cirurgião plástico, de uma dermatologista, de um ortodentista, de um cabeleireiro e de uma esteticista. Eu nem digo que a indústria midiática faz isso de uma forma sutil, sofisticada. É escancarado mesmo. Abusivo. E se você não é centrado, não tem a cabeça no lugar é bem capaz que fique louco com tantas exigências e imposições.

 O lance é: todo desejo, toda busca pela estética é saudável desde que não se torne escravo e se perca a felicidade no meio do trajeto.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Como é difícil!


Já tentei. Mas é com muita frustração que digo: não consigo. Definitivamente não consigo esvaziar a mente. Deixar ela zerada. Sem resquício algum de pensamento. Mesmo depois de ler vários livros do místico espiritual Osho, de achar tudo de lindo cada palavrinha impressa, de achar que sim, eu posso conseguir, de grifar cada pensamento que me leve à reflexão, de dialogar com o meu marido sobre a possibilidade de eu me tornar uma pessoa mais serena. Eu penso tanto que o cérebro até fumaça.

É muito difícil chegar à plenitude, à tranqüilidade da alma quando estamos em meio a concretos, trânsito, contas para pagar, trabalho, pessoas, barulho, casa. Não consigo desligar. A mente é barulhenta, inquieta e me irrita muitas vezes. Acho graça quando alguém diz “sou tranqüila. Quase nada me tira do eixo. O que dá para fazer eu faço, o que não dá fica para depois.” Uau!!! Aí é quando eu penso... esse ser chegou na iluminação tão proferida pelo Osho. Fico ouvindo aquele discurso do No Stress e falando comigo mesma: viu, Luciane, é muito simples ser zen. Que eu não me escute, mas não é nada fácil ser zen.

Presto tanta atenção nessas pessoas de outro planeta que já gravei algumas frases que tento fazer com que entrem por osmose no meu ser: “não deu certo. Ah, que pena. Vamos tentar outra alternativa”; “ ligaram desmarcando? Tudo bem, não tem problema. Quem já espera há mais de um mês, aguardar mais um bocadinho não vai me matar”; “ainda não entregaram o piso? vou dar uma ligadinha na loja para verificar o que aconteceu, querido!”; “esqueceu de entregar o documento? Dá um pulinho lá e resolve isso para a gente”

Nossa, quanta calmaria. É uma paz de espírito que dá até gosto de ouvir. Dia desses estava eu nervosa com uns pepinos para resolver e meu santo marido sugeriu que eu voltasse a ler o livro Aprendendo a Silenciar a Mente. Eu mais irritada fiquei e disse que não conseguia seguir as orientações do mestre indiano. Fiquei até com raiva do coitado do escritor. Que culpa o pobre tem?

 

 

 

 

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A Agulha e o Palheiro


Existe coisa mais irritante do que procurar um objeto em bolsa de mulher? Quando peço essa missão quase impossível ao meu marido, ele prefere parar uma leitura instigante e ir ao supermercado comprar uma lata de atum.

É quando você está num consultório ginecológico lotado de grávidas a serem próximas e a secretária pede a identidade. Começa a saga. A bolsa repleta de coisas. Você toca em todas as coisas, menos na que é mais urgente. E isso vai causando um estresse sem tamanho. Uma irritação sem medida. Um mal-estar descomunal. E aí num dia de desespero pedi licença para a atendente e virei a bolsa de cabeça para baixo na mesa, como se eu estivesse dando um castigo a ela por estar me fazendo passar por aquela situação constrangedora. A moça até achou graça, as pacientes que aguardavam fizeram cara de quem estava me achando desequilibrada. Quando na verdade era o que eu estava sendo.

Já tentei organizá-la de modo que facilitasse a vida. Colocar moedas no porta-moedas, caneta no “colchete” próprio para guardá-las, celular no bolsinho externo, pó compacto na nécessaire. E o orgulho por ter organizado primorosamente a bolsa dura pouco, para falar a verdade, dura pouquíssimo.

E quase todas às vezes é como encontrar uma agulha no palheiro.

 

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A vida vale pelo que se tem ou por aquilo que você é?


Estava, eu, na Livraria Cultura à procura de um bom livro. Foi quando fui atraída pela obra do fabuloso escritor francês Antoine de Saint-Exupéry O Pequeno Príncipe. Deu uma vontade danada, passados alguns anos, de reler esse primor. Cada história, uma mensagem. Cada história, uma filosofia, Cada história, uma poesia. Tem uma passagem no livro que quando era criança achava graça até porque reparava isso nos adultos. Hoje acho triste e mais triste fico por perceber que tudo ainda gira em torno de quantidade. A vida continua valendo pelo que se tem.  Vale compartilhar, relembrar e refletir:

“Se lhes dou esses detalhes sobre o asteroide B 612 e lhes confio o número, é por causa das pessoas grandes. Elas adoram números. Quando a gente lhes fala de um novo amigo, as pessoas grandes jamais se interessam em saber como ele realmente é. Não perguntam nunca: “ Qual é o som da sua voz? Quais os brinquedos que prefere? Será que ele coleciona borboletas?” Mas perguntam: “Qual é sua idade? Quantos irmãos ele tem? Quanto pesa? Quanto seu pai ganha?” Somente assim é que elas julgam conhecê-lo. Se dizemos às pessoas grandes: “Vi uma bela casa de tijolos cor-de-rosa, gerânios na janela, pombas no telhado...”, elas não conseguem de modo algum, fazer uma ideia da casa. É preciso dizer-lhes: “Vi uma casa de seiscentos mil reais.” Então elas exclamam: “Que beleza!”

O romance foi publicado em 1943, mas qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência. O pedacinho de gente inteiramente extraordinário é E N C A N T A D O R! Deve ser um livro obrigatório para crianças e “um livro urgentíssimo para adultos”, como disse sabiamente o autor.

 

 

 

 

sexta-feira, 19 de março de 2010

Foi Por Amor


Gente!!!!!!!!!! Esta tenho que contar. Tenho visto e me recordado com certa freqüência dos playmobils, aqueles pequeninos bonecos com partes móveis e uma série de objetos que se integram compondo cenários, sempre dentro de uma temática específica: polícia, naves espacias, fazendinha, Velho Oeste, barcos.

Eu adorava, mas quem gostava mesmo eram os meus queriduchos irmãos. Ficavam horas a fio na sala de televisão dando asas à imaginação. Ali, eles permitiam que minha mãe fizesse outras tarefas sem se preocupar com os filhotes. Porque criança não é mole! Qualquer descuido e...ops!

Enquanto eles se divertiam com os playmobils, eu brincava de boneca na casa da vizinha. Até aí tudo ok! Nada demais! Mas a minha amiga tinha um irmão que era alucinado pelos bonecos miniaturas e tinha mais ou menos umas quatro dúzias dessas pecinhas. Sem exagero.

Então era assim: de um lado brincávamos de boneca e de outro, o menino com aquele montão de bonecos e seus acessórios espalhados pelo chão do quarto. Foi quando me deu um estalo. Puxa...se eu pegar unzinho, ele nem vai dar falta. E meus irmãos vão ficar mega felizes. Nesse dia eu só pensei não coloquei meus planos mirabolantes em prática.

No dia seguinte, estrategicamente – sim, porque crianças pensam – fui para casa da minha amiga de short com bolsos na lateral. Advinha?? É isso aí quem desconfiou que eu, no alto dos meus 6 aninhos, cometeria... um pecadinho. Cheguei desconfiada como quem não quisesse nada e, de repente, aquela mãozinha boba começou a “pinçar” os bonequinhos de apenas três polegadas. Inicialmente havia pensado em apenas um, mas eles eram tão miudinhos que ninguém perceberia se pegasse dois, ou talvez três, ou quem sabe quatro. Por fim os meus bolsos ficaram abarrotados. Chegava em casa e escondida da minha mãe tchanããã...fazia a surpresa e a alegria dos meus irmãos. Eu falava: “ Advinha o que a lulu trouxe para vocês?? Aí eu ia tirando um por um do bolso. Parecia uma mágica. Os olhinhos deles brilhavam. Foi assim, durante dois dias. Eu me sentido a supra sumo!

Mas a felicidade durou pouco (ainda bem, né?) minha mãe descobriu que a coleção dos meus irmãos estava aumentando e quis, lógico, saber quem os estavam presenteando. Eles nem pestanejaram. Responderam inocentes, enfática e alegremente “Nossa irmã”. Vixi...o tempo fechou. Minha mãe me deu uma longa lição e me fez voltar na casa da minha amiga e devolver UM por UM. E olha...foram muitos. Que vergonha!!

Graças a minha mãe e ao meu pai aprendi desde pequenininha que o crime não compensa, definitivamente.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Desejo de ser...


O desejo de ser mãe está cada vez mais latente. E quando pensamos estar preparadas para gerar e amar incondicionalmente um ser tudo muda, tudo se transforma. Nossas sensações, percepções, atenções estão cada vez mais voltadas para os pequenos. Ok, eles sempre existiram. Mas o que estou tentando dizer é que ao optarmos pela maternidade, os fofuchos e o assunto gravidez se multiplicam a nossa volta.

A todo instante me chegam com as notícias: J. está grávida de quatro semanas, B. está super feliz com a filha; A. está cansada, mas grata e adaptada à nova condição de vida; F. está esperando seu(ua) segundo (a) filho (a). E isso tudo me enche de alegria, de graça e de vontade. Amo!

Tudo conspira. Quando vou para o trabalho vejo uma infinidade de crianças tomando o sol matinal. Me pego sorrindo do tico de gente indo para a escola com uma mochila que o faz parecer uma tartaruga. E essas criaturas andando de velocípede. Tem coisa mais fofa? E quando resolvem perguntar o porquê de tudo. No restaurante, na mesa ao lado, observo cautelosamente – para não parecer intrusa, quando na verdade é o que estou sendo – o diálogo entre pais e filhos. Quando eu e meu marido decidimos ir a pé ao supermercado passamos próximo a um parquinho de entrequadra que nos enche os olhos com crianças zanzando de um lado para outro.   Bem, é só olhar para os lados que vejo os seres mais fofos da existência.

Por mais que a gente se sinta pequena demais para assumir a responsabilidade de ser mãe, uma força maior diz que sim, que pode vir que a gente agüenta, que a gente enfrenta.

Se me perguntarem se estou preparada para a maternidade, respondo que não completamente mas com muita vontade de acertar. Creio que ninguém está preparado. Que não se cria filhos com uma receita ao lado. Assim como muitas vezes não estamos devidamente prontos para casamento, mudança de emprego, de casa, de cidade, de planos. E quando resolvemos assumir, o resultado é surpreendentemente feliz. Assim penso...

Dia desses estava fuçando num blog e achei bonitinho a forma como a autora se auto definiu: “Potencial Gestante”. É isso, quando desejamos aumentar a família somos potenciais gestantes enlouquecidas (quase insanas) para sermos apenas e simplesmente GESTANTES.

Obs: o baby da foto é um dos mais fofos que já vi. É filho do amigo do meu irmão Rafa que sabendo da minha babação por crianças sempre que pode me envia imagens para o meu deleite.

 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Que Tal Colorir?


Um dia você está aqui desfrutando de tudo o que a vida tem a oferecer.

É um mundo inteirinho ao seu alcance com uma infinidade de possibilidades, de coincidências, de acertos, de dúvidas, de erros, de arrependimentos, de encontros e de desencontros. Cabe a cada um decidir que caminho seguir. É quando me lembro de uma frase de Chico Xavier: “No instante do testemunho, estaremos sempre sozinhos, com as nossas aquisições íntimas. Não haverá quem nos possa defender de nós mesmos, do remorso pelo que fazemos ou deixamos de fazer”.

E então, o que desejamos para as nossas vidas? Almoço em família. Torta de morangos. Uma viagem inesquecível. Abraços apertados. Gestos largos. Sensibilidade aguçada. Gargalhadas de tirar o fôlego. Gentilezas. Música boa, ao gosto do freguês. Andar de mãos dadas. Assistir a um bom filme. Cantar no chuveiro. Reunir os verdadeiros e fiéis amigos. Uma cerveja, um champagne ou uma coca-cola. Um pedido de perdão reprimido. Sessão nostalgia. Um banho de cachoeira. Um prato de brigadeiro. Sim, OBRIGADA.

Mas pode ser que optemos em seguir, por exemplo, os gestos do Seu Lunga para quem não conhece é um personagem consagrado do Ceará que padece de mau humor. Nasceu assim. Cresceu assim, e muito provavelmente pelo andar da carruagem, morrerá assim. Daí decidimos ser econômicos: dar meio sorriso, meio abraço, meio aperto de mão, meia atenção. Molhar só os pés quando na verdade poderíamos dar um mergulho. Enxergar só aquilo que nos convém e ficar sem a diversidade que está bem a frente de nossos olhos. Tudo pela metade. Não, OBRIGADA.

Penso que até nós partirmos desta vida, sempre há tempo. Tempo para mudanças, transformações. Tem gente que diz que todo ano é sempre igual, que é besteira comemorarmos tradicionalmente a virada do ano com festas e fogos. Até pode ser e de certa forma concordo. Mas tento enxergar o ano novo sob outra perspectiva: é como uma página em branco que podemos colorir com muitas cores, deixá-la branca mesmo ou pintá-la de preto. E assim traçamos o nosso destino, as “nossas aquisições íntimas”. Feliz 2010 a todos e vamos colorir o ano!